Aos 30 anos, Ricardo Coiro está em seu segundo livro (Divulgação / Rodrigo Rodrigues)
Suas crônicas acumulam milhares de likes e seguidores nas redes sociais. O escritor Ricardo Coiro abandonou a vida de publicitário em 2014 para dar vazão à sua verborragia poética: escreve sobre as delícias, os dilemas e as sutilezas dos relacionamentos amorosos. “Prezo aquilo que em vez de manter preso ou me dar prazo, enche-me de razões pra ficar” é um dos trechos do recém-lançado livro “Não Quero Um Amor Meia-Boca”, à venda aqui. Coiro já havia publicado “Confissões de um Cafamântico”, como ele mesmo se define, um misto de cafajeste e romântico. Ele também se aventura na produção de contos eróticos bem excitantes…
- O que é um amor meia boca pra você?
COIRO - É aquele que não tem a mínima chance de terminar em crime passional ou atentado ao pudor. Um amor no qual insistimos em acreditar por medo da solidão e, principalmente, de não suportarmos a nossa própria companhia.
- E sexo meia-boca?
COIRO - É sexo que não acorda o vizinho de sono leve nem coloca a integridade física da cama em risco. É sexo que acontece por medo de traição, para cumprir tabela. É sexo egoísta, no qual pouco importa o que o outro está demonstrando - ou nem isso. É sexo preguiçoso, que não queima nem as calorias de uma azeitona. É sexo que não dá vontade de voltar a fumar e tomar um litro de água no gargalo, num só gole.
- Várias pessoas encontraram um amor incrível, mas levam uma vida sexual insatisfatória. Outras sofrem com o inverso… só o sexo salva a relação.
COIRO - É complicado porque o tempo fortalece parcerias, porém, tende da enfraquecer tesões. Simples assim. Parceria, para ficar sólida, exige anos e anos demonstrando respeito, carinho e capacidade para fazer vista grossa e fingir ouvido com defeito. Tesão, por outro lado, é muito dependente da novidade e de outros elementos que o girar dos ponteiros mata, inevitavelmente. A monogamia leva muitas pessoas à encruzilhada: manter-me insatisfeito com a vida sexual que tenho e feliz com o laço construído ou suprir meu desejo sexual e correr o risco de nunca mais construir algo tão lindo?
O livro reúne textos bombados e inéditos do escritor Ricardo Coiro (Divulgação / Editora Schoba)
- Lendo um dos capítulos do seu livro, me chamou atenção uma dificuldade comum entre alguns caras: ser fofo/gentil/carinhoso nos momentos certos E ter pegada/falar baixaria/realizar fantasias na cama. Por que isso, hein?
COIRO - Muitos homens têm medo de ofender a parceira falando baixaria, por exemplo. E, por isso, fazem com que ela se sinta insatisfeita, já que muitas mulheres gostam disso na cama. Pior ainda: alguns dão o tapa quando elas querem cafuné e, na hora de dar o tapa (a “H”), fazem fofurices que transformam pepecas em coisas áridas como o Atacama.
- O “amor romântico”, essa ideia de que o outro deve ser a metade da nossa laranja e fonte de toda a nossa felicidade, me parece responsável por muita frustração. Você acha que depositamos expectativas exageradas nos relacionamentos?
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