segunda-feira, 16 de maio de 2016

A única coisa que eu mudaria no corpo da minha esposa

Há alguns dias minha esposa me enviou uma mensagem no Facebook junto com um linkpara um texto de Andrea Woslager chamado “Eu odiava meu corpo após meus abortos espontâneos até minha filha dizer isso”. A mensagem dizia:
“Eu li isso ontem e foi como se tivesse levado um soco no estômago. Não é exatamente a minha história, mas é parecida. E não, eu não quero conversar sobre isso.” 
                       (Foto: Getty Images)
Eu li a história de Andrea e, de certa maneira, ela também é a nossa história. Nic e eu nos casamos em 2006, e alguns meses depois ficamos extasiados ao descobrirmos que ela estava grávida. Tudo correu perfeitamente, e nosso lindo filho Finn chegou em agosto de 2007. Finn cresceu maravilhosamente, falando cedo e desenvolvendo precocemente um vocabulário variado e profundo. Assim que aprendeu a falar, ele começou a pedir um irmão ou irmã. Ele não se importava com o sexo - só queria ser um irmão mais velho - e nós queríamos desesperadamente realizar esse desejo dele.
Nic engravidou novamente pouco antes de Finn completar 2 anos. Nós descobrimos cedo, mas decidimos esperar para contar a ele após as 12 primeiras semanas. Um dia, enquanto estávamos esperando esta data chegar, estávamos sentados juntos, no chão da sala quando Finn colocou suas mãos na barriga de Nic (que estava reta como uma tábua) e disse, “Eu acho que tem um bebê aqui.” Nossos olhos ficaram arregalados com a surpresa, e eu quase desisti da ideia de esperar para contar que ele estava certo. Foi muito difícil guardar o segredo, mas fico feliz que a gente tenha conseguido, já que menos de uma semana depois, com 7 semanas de gestação, nós perdemos o bebê.
Eu não vou entrar em detalhes, mas foi necessário um tempo para superar aquilo. Finalmente conseguimos, e quase dois anos depois (após ouvirmos infinitos pedidos de Finn por um irmão ou irmã), Nic engravidou. Outra vez, decidimos esperar as 12 semanas antes de contar a ele e, muito lentamente, elas se passaram. Quando a data chegou, nós estávamos com tanto medo que acabamos esperando mais uma semana, só para garantir. Foi aí que, finalmente, contamos a Finn que ele se tornaria um irmão mais velho. Nós estávamos incrivelmente felizes. Finn começou a escolher os nomes (“Ninja” foi uma das suas sugestões, que rapidamente dissemos ‘não’).
Alguns dias depois, Nic me disse que algo parecia errado. Marcamos uma consulta e, após o exame, a médica disse que tudo parecia estar bem. Ela comentou que poderia agendar um ultrassom, se nós quiséssemos.
Sim, nós queríamos.
Foi aí que a história de Andrea me deu um soco no estômago. Nós tivemos aquele mesmo momento com a técnica do ultrassom - o silêncio terrível e oco onde deveríamos ouvir os batimentos cardíacos, a angústia ao vermos a expressão no seu rosto, o fato de já sabermos antes mesmo dela respirar fundo para nos contar. A consulta com a obstetra foi ainda pior. Ela explicou que, dado o momento da gestação, a opção mais segura era induzir o parto e dar à luz o feto de 14 semanas.
Tivemos que esperar uma semana até que isso pudesse ser feito, e durante alguns dias nos afastamos de tudo e todos, exceto um do outro e de nosso amado Finn. Contar a ele foi a coisa mais difícil que já fizemos na vida, e nós três sofremos muito. Finalmente a semana terminou e Nic foi internada na maternidade. As parteiras foram maravilhosas, cuidadosas e solícitas, mas naquela noite, assistir à minha linda esposa enfrentar o trabalho de parto de um bebê por quem estávamos de luto, foi horrível.
Até hoje fico impressionado com a força que ela teve.
Nós nunca realmente nos esforçamos para engravidar outra vez, mas decidimos deixar as coisas andarem naturalmente e, se acontecesse, tudo bem.
Nada aconteceu durante dois anos, e começamos a conversar com Finn (que por meses após o ocorrido via ocasionalmente um bebê em uma loja ou em um parque e começava a chorar em silêncio) sobre a possibilidade de que ele não tivesse um irmão ou irmã. Ele, como nós, estava triste, mas entendeu. Começamos a nos livrar dos objetos de bebês que guardamos na garagem. Doamos muitas coisas e encontramos alguns itens que pensei que Nic poderia querer manter.
“Dê uma olhada nessas coisas e separe o que for importante emocionalmente,” eu disse a ela. “Vou doar tudo que você não quiser para uma instituição de caridade amanhã.” Doar aqueles objetos foi catártico, como se nós finalmente estivéssemos superando o luto.
Na manhã seguinte Nic disse: “Eu não tenho certeza, mas acho que deveria fazer um teste de gravidez.” Nós tínhamos alguns testes antigos de alarmes falsos anteriores, mas desta vez a linha estava lá, clara como o dia. Nós fomos ao médico e Nic fez um exame de urina, que deu positivo.
Nós dois surtamos. Finalmente havíamos aceitado o fato de que não teríamos outro filho. Será que estávamos velhos demais? Seis anos era um espaço de tempo muito longo entre irmãos? E a pergunta mais difícil: e se o pior acontecesse de novo, conseguiríamos sair ilesos?
As 12 semanas se arrastaram, e nós dois estávamos esperando o pior. Outra vez, esperamos um pouco mais antes de contar a Finn. Quando finalmente contamos, mal podíamos esperar pela alegria dele, mas o que recebemos foi a dúvida: “E se o que aconteceu da última vez acontecer de novo?” Nós o abraçamos forte e dissemos que a preocupação com o futuro era uma maneira certeira de roubar de nós mesmos a alegria do presente. Era exatamente o que nós também precisávamos ouvir.
Depois disso, tudo ocorreu conforme o previsto e Dash chegou uma semana antes do aniversário de 7 anos de seu irmão mais velho. Finn e Dash são apaixonados um pelo outro desde o momento em que se conheceram. Finn faz praticamente qualquer coisa para ver seu irmão sorrir, o que não é difícil; Dash acha que tudo que Finn faz - incluindo entrar no quarto caminhando normalmente - é incrivelmente engraçado.
É nesse ponto que a história de Andrea - e a empatia de Nic por ela - me deu um novo entendimento.
Ocasionalmente, nos meses após a chegada de Dash, Nic comentava que nada havia mudado para mim desde o nascimento dos nossos meninos, e eu respondia que - como acontece com todos os pais - tudo havia mudado. Meu mundo é um lugar completamente diferente (e imensamente mais maravilhoso) com a presença deles. Ela - nem sempre mas algumas vezes – respondia: “Não, eu quero dizer o seu corpo. É o mesmo de antes deles nascerem.”
Eu não costumava entender o que ela estava dizendo porque, para mim, o dela também era o mesmo.
Eu nunca quis desmerecer os seus sentimentos, mas honestamente, eu não conseguia entender. Admito que não sou muito inteligente.
Após ler a história de Andrea, é isso que eu gostaria de dizer à minha esposa:
Se eu não entendi como você se sentia quando me dizia isso, é apenas porque o seu corpo é tão bonito para mim agora quanto era antes. Sim, ele mudou. As marcas que você vê como danos, eu vejo como lembranças da alegria sem limites que você trouxe ao nosso mundo.
Estas marcas são nosso descontroladamente imaginativo e ferozmente inteligente Finn, que não tem ideia do quão incrível ele é. Eles são o nosso belo e travesso Dash, que com 7 meses de idade tem uma personalidade que sugere que poderia conquistar o mundo (se conseguisse algumas centenas de milhares de guerreiros ao seu lado), e que deve ir dormir todas as noites com as bochechas doendo de tanto sorrir. Estas marcas são um tributo à dádiva fascinante que você recebeu de criar a vida, e como Andrea disse, de mantê-la a salvo até que estivesse pronta para chegar ao mundo.
Todos os dias esta dádiva faz meu coração parecer que vai explodir, e justo quando eu acho que não pode caber mais amor por você ou por nossos meninos dentro dele, meu coração cresce e cria mais espaço para todos nós.
Estas marcas são uma lembrança de toda a alegria que você, e apenas você, foi responsável por trazer ao nosso pequeno mundo. Elas também são a minha promessa: vou fazer tudo que estiver ao meu alcance - em todos os dias que eu tiver a sorte de passar ao seu lado - para recompensá-la por toda a alegria que você trouxe às nossas vidas.
Finalmente, eu diria o seguinte:
Se eu pudesse mudar uma única coisa no seu corpo, eu faria com que você conseguisse vê-lo da forma como eu o vejo.
ED NOTÍCIAS BLOG/FONTE;YAHOO 

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