quinta-feira, 16 de junho de 2016

Pais explicam por que decidiram não vacinar seus filhos; entenda os riscos

    (Foto: Getty Images)
Por Fabiana Piasentin
BCG, Hepatite B, Pneumocócica 10V, Meningocócica C, Tríplice Viral… Se você tem filhos certamente está familiarizado com esses termos, que se referem a vacinas que devem ser aplicadas entre o nascimento do bebê até o fim da adolescência. Contudo, é crescente o número de pais que optam por não imunizar suas crianças, seja por questões ideológicas ou por adotarem métodos alternativos de prevenção.
O movimento de não vacinação no Brasil ainda é tímido e considerado um tabu – tanto que muitos tutores omitem a informação de amigos e familiares. Entre os motivos está a desconfiança em relação à indústria farmacêutica, medo dos efeitos colaterais e falta de clareza nas substâncias aplicadas nas crianças. O acesso fácil a estudos científicos deixou pais mais questionadores e participativos. O problema, segundo médicos, é saber identificar uma informação sem comprovação médica de publicações de saúde confiáveis.
“O paciente tem o direito de ter o conhecimento sobre sua condição e opinar sobre seu tratamento, desde que tenha capacidade de entendimento e não esteja correndo risco de vida. Esse questionamento [dos pais] tem que ser visto de forma positiva, já que demonstra o interesse na saúde e no desenvolvimento dos filhos”, analisa Paula Andrade Alvares, infectologista pediátrica com mestrado em Ciências da Saúde pela Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Foi esse tipo de questionamento que levou a empresária Gabriela Petrini, 32 anos, a tomar a decisão ao lado do noivo de não vacinar seu filho de seis anos. “Nunca gostei de vacinas, e quando entendi que o sistema imunológico do meu filho estava resistente, parei. Somos adeptos de um método de prevenção chamado auto-hemoterapia [método que trata determinadas doenças através da retirada e nova injeção do sangue no próprio paciente], não aplicamos no pequeno, mas caso ele se contagie, acho que tentarei a auto-hemo nele”, conta Gabriela.
Apesar de ser contra a imunização, Gabriela afirma que aplicou algumas vacinas em seu filho, de acordo com a orientação de um pediatra alergista, mesmo “contra sua vontade. Posição mais radical tem a engenheira R., de 32 anos, mãe de uma menina de dois meses. “Não existe evidência na sua eficácia nem comprovação científica de que vacinas são tão benéficas a ponto de compensar seus efeitos colaterais. A presença de alumínio e mercúrio necessários para conservação da vacina geram efeitos colaterais sérios a ponto de alguns estudos indicarem aumento da mortalidade no grupo que levou vacina em relação aos que não tomaram”, afirma.
Para a engenheira, que preferiu não se identificar e evita falar sobre o assunto com amigos e familiares, a falta de informação e a imposição por parte do governo (a vacinação no Brasil é obrigatória) impedem uma discussão mais ampla do assunto. “Algumas mães não se preocupam em pesquisar as causas e efeitos de uma vacina. A BCG, por exemplo, muitas nem sequer sabem contra qual doença é, qual índice de mortalidade, qual incidência, se existe tratamento etc. Não critico quem opta por vacinar, mas que seja com consciência”, opina.
Gabriela também revela sua falta de confiança na eficácia das vacinas. “Acho que falta informar a população sobre os riscos, sobre a composição das vacinas, sobre as reações e as doenças que eles dizem querer erradicar. Não acredito no que o governo me injeta (ou tenta)”, diz.  
Alvares, no entanto, discorda. “O mais importante é ressaltar que existem inúmeros estudos não relacionados à indústria farmacêutica comprovando a eficácia das vacinas. Além disso, a nossa própria história nos mostra como as campanhas de imunização foram eficazes em erradicar doenças mundialmente, como no caso da varíola, ou localmente, como observamos hoje com a poliomielite e o sarampo.”
Segundo a infectologista pediátrica, uma criança não imunizada acaba se beneficiando de todo o sistema atual de vacinação, fenômeno conhecido como imunidade de rebanho. “Porém, quanto mais pessoas deixam de ser vacinadas, maior fica a circulação dos agentes infecciosos. Uma única criança não imunizada não apresenta um risco de exposição a doenças importante para a sociedade como um todo, entretanto, o risco que essa criança traz é a falsa percepção de que não vacinar as crianças não trará nenhum malefício. Se uma parcela razoável da população deixa de vacinar os seus filhos baseando-se nessa ideia, perde-se a imunidade de rebanho e os agentes infecciosos voltam a circular com maior frequência e intensidade”, explica.
Independentemente das escolhas, ter um diálogo aberto com profissionais da saúde é fundamental para garantir a saúde dos pequenos. “O pediatra da minha filha compartilha da ideia. O mais incrível é que cada vez mais surgem profissionais da saúde que acreditam na não vacinação. Minha própria obstetra acredita também”, conta R.
“É importante que haja um diálogo constante entre os pais e o pediatra, e que haja confiança dos pais no pediatra que acompanha seus filhos. No caso de pais que se recusem a vacinar os filhos, é imprescindível orientar essa família quanto aos riscos a que as crianças estão expostas”, completa Alvares. 
ED NOTÍCIAS BLOG/FONTE;YAHOO 

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