(Foto: Thinkstock)
De tanto evocado, Deus foi ficando invocado.
Por que em meu nome? – perguntou em voz alta mesmo sabendo que somente Ele teria a resposta.
Ao assistir aqueles homens de barro que se aglomeravam ao lado de um microfone, como se aquele instrumento fosse a imagem de um santo popular, um Padre Cícero de metal, teve um insight.
E não foi bom.
Talvez tenha sido um erro de medida e proporcionalidade.
Um erro conceitual, criar esse animal.
Ao se ver ali tão citado, sentiu na face o beijo gelado de Judas.
Tanta vulgaridade.
Impossível amar uma criação tão torta.
- Por Deus, pela minha família, pelo glorioso estado do…
“Eu não tenho nada a ver com isso”.
Tragédia estética.
E Deus foi entendendo aquele sentimento de ‘vergonha alheia’ tão propagado pelos mais jovens, foi se enchendo de algo que só Ele, sendo Ele, poderia descrever.
E ao desconfiar dos homens, desconfiou de si próprio, e quis gritar ao mundo algo inconcebível.
“Eu não existo”.
Talvez fosse melhor nunca ter se metido nisso.
Bem fez o anjo caído, que quase não precisa lidar com nada disso.
Então, recolheu- se aos seus aposentos, escreveu mais um capítulo de seu livro de memórias e decidiu que era a hora de dar um jeito naquilo.
Talvez um meteoro, talvez uma chuva de sapos, talvez o apocalipse fosse pouco pra tanto deputado despreparado.
Abriu um vinho.
E quis chorar.
ED NOTÍCIAS BLOG/FONTE;YAHOO
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