terça-feira, 7 de junho de 2016

A paixão segundo um doente

    (Foto: Getty Images)

Tinha visto um atropelamento naquele sábado. Tomou um suco de laranja sem nenhum açúcar. Comprou duas pilhas médias para o controle remoto. Leu a primeira página de um jornal de dois dias atrás. Apaixonou-se por Mariela.
Percebeu-se apaixonado logo de cara, sentindo todos aqueles sintomas clássicos da doença.
Não fez nenhum movimento brusco, deixou que aquele vírus inoculado pelo acaso fizesse uma refeição completa – jantando suas células mais saborosas.
Não teve sobremesa.
Sentiu-se exausto.  Não se lembrava de como era ser acometido por uma paixão desde os tempos do colegial. Era vacinado.
Nem sabia como agir. Nem sabia se era para agir.
Foi deitar, esperar a febre baixar e tentar calcular o estrago.
Tomou duas aspirinas.
Sonhou com uma fila de homens que seguia, cega, para um precipício. Quando acordou, achou tudo muito óbvio. Tosco. Mesmo com todos os avanços da medicina, a paixão continua emburrecendo.
Ao se olhar no espelho, viu um asno.
Ligou para Mariela.
O celular tocou quatro vezes antes que ela atendesse.
Inicia-se a segunda fase da infecção.
ED NOTÍCIAS BLOG/FONTE;YAHOO

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